sábado, 8 de dezembro de 2012

Retrospectiva e expectativa.

Talvez esta seja a última postagem do ano...

Esse ano foi bastante significativo, percebi uma grande evolução em nossa humilde terrinha, que apesar de todas as consternações, continua num ritmo de desenvolvimento razoável.

Falemos na área dos quadrinhos e do cinema também (tivemos grandes acontecimentos com este, pode não ter chegado ao grande público, porém não se pode negar o ocorrido), no entanto, em especial, nossos lobos solitários concentraram uma espantosa carga de evolução neste ano “apocalíptico”, leia-se os aficionados por quadrinhos. Aqui está uma pequena retrospectiva dos fatos de 2012 no meio “quadrinistico” (acabei de inventar esta palavra!):

- A editora Mauricio de Sousa fez projetos agradáveis, algo que fez mudar alguns dos meus conceitos quanto a tal, favoreceu a publicação de novos artistas e ainda está, com o projeto das “graphic novels”.

- A união de grandes dos blogueiros, vlogueiros, etc. Sobre mangá no Brasil – foi o projeto PortalGenkidama, que está sendo algo fantástico, com conteúdo de primeira.

- Não podemos esquecer da grande Ação Magazine, embora tenha tido alguns probleminhas, teve uma grande receptividade pelo público este ano e promete muito para o ano seguinte, fiquem atentos!!

- Os lançamentos espetaculares de Ledd e Holy Avenger

- Pode-se salientar também que houve um “boom” na criação de hqs, sobretudo levado a um estilo japonês (mangá), não sei se a publicação de Bakuman aqui, teve alguma influência – este “boom” está relacionado com fanzines e coisas que vi na internet.

- Deste “boom” saem os grandes projetos, as revistas digitais, até agora a que está com propostas coerentes e mantendo-se é a Nanquim, também tem o Mangá Pride com propostas boas e inclusive com lançamentos impressos (atualmente, um único volume lançado).

Isso é só uma minúscula retrospectiva do que este ano nos proporcionou e o que consigo lembrar agora. (algo a acrescentar, comente e enriqueça mais esta discussão)

Então agora estacionemos nosso carro nas expectativas para o ano seguinte – sendo curto e grosso, tenho a aposta de que 2013 será um marco no desenvolvimento das histórias em quadrinhos brasileiras, percebe-se que o pessoal está num fogo insano de querer produzir, então deixo minhas expectativas nessa aposta. (também estou no fogo!!)


Este é o último post do ano porque viajarei amanhã, alias peço desculpa por este não ser bem argumentado, escrevi com certa pressa.

Desejo um bom Natal e Ano novo a todos!


Até ano que vem!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Dadaísmo em mangá...

Antes de começar, vamos aos rabiscos da semana...


Fazendo uma releitura em alguns jornais acumulados na prateleira, achei uma imagem de um chinês na capa e resolvi passar para o papel.


Rascunhos de zumbis, num descontraidor estudo.


Essa semana tive que fazer um estudo sobre o estilo vitoriano, para um futuro trabalho em parceria, fiz bastante coisa (buscando referências a toda hora, elas sempre estão dos nossos lados) e não posso postar tudo...


Passei este para o nanquim. (meus traços estão tremidos, preciso deixar minha mão mais firme, treinar mais... Um dos melhores instrumentos para deixar sua mão mais firme, é o bico de pena, pois ele te obriga a ter mais firmeza, pincel também, mas o pincel geralmente se encaixa com algo mais solto - só não fale isso diante de Takehiko Inoue, a firmeza e precisão que ele tem usando um pincel é incrível!)

Uma certa hora estava pensando numa HQ de nome, MAUS, uma verdadeira aula de história e tive a inspiração de rascunhar um rato, não peguei como referência os da HQ, pode notar que são bem diferentes se for comparar.



Dadaísmo em mangá...

Você já passou por isso?

O quê? Uma desconstrução de lógica, composição, ritmo e arte na leitura dum mangá... Deixando-te confuso e transformando-se num verdadeiro ato dadaísta.

Bom... Quem está deixando-te confuso agora, sou eu – iremos então à verdadeira pergunta:
Você já leu um mangá no sentido ocidental?

Não falo de mangás editados de forma inversa não, mas sim daquela situação em que você não nota a pagina de aviso em revistas publicadas aqui no Brasil, ou para aqueles que só leem online (não tem aviso nenhum) – o tal aviso de que precisamos sair da habitual forma de leitura ocidental, da esquerda para direita, para a oriental, da direita para a esquerda.

Isso é corriqueiro a leitores de primeira viagem e é algo... Digamos idiota e divertido (irritante aos que odeiam gastar o precioso tempo da sua vida - paciência, ninguém mandou passar batido pela folha de aviso!) e passei por essa experiência, maravilhosa, em minha primeira vez. O problema é cometer um ato de aniquilamento desses, a um titulo tão memorável quanto LOBO SOLITÁRIO de Kazuo Koike e Goseki Kojima – perdão aos fãs desse, mas eu acabei fazendo isso mesmo, eu era pirralho, deem-me um credito de café com leite, por favor - não foi fácil, pois não entendi absolutamente nada da história (obviamente), a revista foi parar na prateleira e a punga, atrás da minha orelha.

Como mente de criança é muito ingênua, pensei que aquilo era algo muito complexo e incompreensível para minha idade; assim se passaram alguns dias, decidi usa-lo como referência para desenhar e eis que vejo a gloriosa pagina de aviso, que por sinal estava um pouco colada à capa, se é que ainda posso justificar a minha falta de atenção (risos!)...



E a tal criança entendera que poderia ler seu primeiro mangá (que para ela fora só um gibi mesmo...) compreendendo a história; como já imaginado, uma leitura bem diferente, no entanto fora bem divertida, afinal a primeira leitura ainda estava fluente em minha cabeça, só que de forma embaraçada, como um quebra-cabeça esperando por ser montado. Desta forma procedeu-se a segunda e definitiva leitura (foi incrível!), as peças estavam ligando-se (e o sorriso no rosto surgindo, pois o dinheiro do lanche não tinha sido gastado em vão!), minha cabeça estava num movimente reflexivo fantástico, coisas que lia me faziam pensar em outras que já tinha lido, mas com outro sentido e em outra ordem (spoilers simultâneos).

Fora um bom batizado de entrada ao mundo da degustação de mangás.

Hoje enxergo isso como meu primeiro ato dadaísta - da mesma forma que se podem tirar palavras simultâneas dum jornal e forma uma poesia, virar um mictório ao avesso e afirmar que é um útero, fazer uma montagem com objetos domésticos e ver um elefante, colocar um aro de bicicleta encima dum banco e transfigura-lo como, o movimento da vida... Basicamente uma destruição da arte, embora tenha sido isso, veio para mim como algo bem divertido, principalmente depois de lê-lo da forma certa - pois ficar sem entender nada na primeira vez não foi nada divertido (risos!) – se você tiver um tempo livre e comprou aquele mangá que ainda não leu, experimente fazer isso - pode parecer idiota, no entanto estará sendo dadaísta e tirará breves sorrisos no canto da boca.

Também perceberá a importância na ordem da leitura, o ritmo que esta lhe proporciona e o desfecho da composição perante a história. Pode não parecer verdade, mas há a possibilidade de autores terem problemas por causa da ordem – por exemplo: um quadrinista japonês se mudou para os EUA, tentou pública sua história lá, só que ele insistiu em fazer sua obra com uma ordem em que não lhe era habitual (ordem ocidental), daí a história não é aceita por estar um tanto confusa – nos quadrinhos, a ordem com que você seguirá ao cria-lo, deve ser de sua habitualidade, não só pela localização dos balões ou quadros, entretanto pelo enquadramento da cena também.

Entendamos isso... Como você está lendo este texto? Está começando da primeira palavra na linha, no caso a esquerda da tela, passando pelo meio da linha, indo para o final da linha e voltando tudo de novo na próxima linha. Seus olhos fizeram um movimento da esquerda para direita, não? Só que nos quadrinhos, está movimentação é um pouco distinta, aqui só temos letras num posicionamento linear, ao

menos
 
                                          que
                       eu
                                                                            faça



                                                                                                                    isso, assim seus olhos procurarão algo que lhes atraia e que dê um certo significado, é o que ocorre nos quadrinhos – o autor precisa jogar os olhos do leitor de uma forma significativa, ou melhor, precisa atrair a visão do leitor a cada quadro de forma natural e prazerosa – você que faz história e quadrinhos, por favor, tenha uma coisa em mente: tudo que estiver na composição da estória deve ter um significado, ou apenas estará lá enchendo linguiça e ver aquela linguiça cheia dá uma canseira no leitor que você nem imagina, você não quer que seu leitor se canse né?

Se o olhar do seu leitor for atraído por algo insignificante colocado na cena, ele perderá o interesse pela leitura, logo passara batido pelas outras que dão algum significado. É algo bem simples de entender na teoria, no entanto na prática é bastante complicado, principalmente quando não se dá a devida atenção, não se analisa o trabalho de forma seca (autocondenando-se, isso se não tiver alguém que possa condenar-te, ai são outros 500) e não se estuda bastante (sobretudo, deve-se praticar muito, quanto mais praticamos, mais somos capazes de quebrar as duas barreiras anteriores – começamos a tomar mais cuidado, enxergamos nossos erros com mais clareza, tudo isso com a prática). 

E qual a relação de tudo isso com a ordem de leitura?

Basicamente tudo, se o quadrinista não tiver o habito de certa ordem e formular as cenas mesmo assim, acabará deixando o leitor perdido – jogará o olhar dele para um lado, entretanto a cena está sendo completada em outro, no quadro ou cena seguinte.

Um último aviso para nós, guerreiros, que lutamos contra tudo e todos, só para criar uma pagina agradável à vista do outro (quadrinistas, desenhistas ou roteiristas brasileiros – ou ao menos aqueles que estão esforçando-se para um dia poder ter o direito de enquadrar-se num desses titulos, no caso eu), sobretudo os que se proclamam, mangakas brasileiros – escolham com cuidado a ordem que queira seguir em suas histórias, mesmo que goste de mangás, olhe para o chão em que está pisando e perceba em que país está, dê um pouco de valor ao menos a nossa ordem de leitura; se quiser criar algo no sentido oriental, tudo bem (existem muitas pessoas que almejam a publicação lá fora, visando a mercado asiático, é válido a estas), mas esteja preparado para isso, ok?   

E este foi o poste de hoje, obrigado pela atenção e até a próxima!

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